A DJI não consegue encontrar ninguém no governo dos EUA disposto para conversar

A DJI não consegue encontrar ninguém no governo dos EUA disposto para conversar

07/08/2025 0 Por redação

A atual administração do governo dos EUA vem trazendo dificuldades para a DJI apresentar seus negócios e serem auditados, auditoria essa, que tem prazo para ser realizada até o final de 2025, caso contrário, não poderá comercializar seus produtos no país.

Falando com Bloomberg, a DJI diz que está tentando entrar em contato com as autoridades dos EUA para discutir uma auditoria necessária de seus negócios antes que a Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA) entre em vigor no final de 2025. Até agora, nenhuma resposta.

A NDAA exige que a DJI tenha uma auditoria de seus negócios conduzida por uma “agência de segurança nacional apropriada”. Se não a fizer ou for reprovada nos relatórios de auditoria, os produtos DJI serão adicionados à Lista Coberta da FCC e, em seguida, banidos da importação e venda nos EUA.

Se depender do governo atual, a DJI poderá ser banida
Em junho, o presidente Donald Trump assinou duas ordens executivas com o objetivo de impulsionar a indústria de drones dos EUA e reforçar as proteções contra atividades maliciosas de drones. Ele não chegou a ordenar uma proibição total em drones de fabricação chinesa, mas solicita ao Conselho Federal de Segurança de Aquisições que “publique uma Lista de Entidades Estrangeiras que podem ou não, representar riscos na cadeia de suprimentos” , ou seja, a DJI (e Autel) pode(m) acabar nessa lista.

Tentativas frustradas
Adam Welsh, diretor de política global da DJI, diz que passou quase duas semanas em Washington, DC, em julho, tentando contato com as autoridades competentes, mas diz que lhe disseram que essas reuniões não acontecerão.

(fonte: PC Mag)

Isolamento mundial
O governo dos EUA tem sobretaxado produtos importados de diversos países exportadores, o que vem impactando significativamente o comércio exterior com a nação, reconhecidamente um dos maiores consumidores globais. Essa medida protecionista, adotada em defesa da indústria americana e da preservação de empregos locais, foi uma das promessas de campanha do atual presidente republicano.

No entanto, em um mundo globalizado, onde as economias são interdependentes, qualquer país que imponha barreiras excessivas ou perca viabilidade econômica tende a se isolar comercialmente. Ao se tornar um mercado menos atrativo, abre espaço para que outros países redirecionem seus produtos para novos parceiros comerciais, fortalecendo relações alternativas e reduzindo a influência econômica daquele que opta pelo isolamento.

Existe solução?
Na imprensa americana já virou costume o meme TACO (Trump Always Chicken Out) que significa mais ou menos “Trump sempre volta atrás”: acontece quando, por exemplo, um produto é escasso no país ou quando os empresários pressionam o governo devido os prejuízos, dá-se um jeito de negociar com taxas menores ou um prazo maior da aplicação das taxas de importação.

O Caso DJI: Como as barreiras dos EUA afetam a líder mundial de drones

A chinesa DJI, maior fabricante de drones do mundo, enfrenta obstáculos crescentes no mercado americano devido às políticas comerciais dos EUA*. Além das sobretaxas de importação — que encarecem seus produtos em até 25% —, a empresa foi incluída em 2020 na Entity List, uma “lista negra” que restringe acesso a tecnologias americanas sem licença governamental.

Impactos Imediatos:

  1. Preços e Competitividade
    • Os drones DJI, antes dominantes no mercado de consumo e profissional (como filmagens e agricultura), tornaram-se menos acessíveis.*
    • Concorrentes americanas (como Skydio) aproveitaram para ganhar espaço, ainda que com produtos menos avançados e mais caros.
  2. Desconfiança Estratégica
    • Alegando “riscos à segurança nacional”, o governo americano restringiu o uso de drones DJI em órgãos públicos e projetos críticos. Empresas privadas, porém, ainda os adotam pelo seu custo-benefício.

O que a DJI fez para amenizar essa situação junto ao governo dos EUA:

  • Localização de Dados: Criou servidores nos EUA para armazenar dados de usuários (contra acusações de espionagem);
  • Parcerias Locais: Passou a colaborar com empresas americanas para contornar barreiras regulatórias;
  • Mercados Alternativos: Ampliou presença na Ásia, Europa e América Latina, onde não enfrenta restrições.

O Paradoxo Protecionista:

Enquanto os EUA tentam “proteger” sua indústria, essa medida:

  •  Beneficia concorrentes locais no curto prazo, porém…
  •  Eleva custos para consumidores e setores que dependem da tecnologia DJI (como cinegrafistas e agricultores).
  •  Isola os EUA de inovação global — a DJI responde por 70% do mercado mundial de drones civis.

(*)
Em 2023, a DJI ainda detinha 58% do mercado americano, ante 77% em 2020″ (fonte: Drone Industry Insights).

O preço médio de um drone agrícola nos EUA subiu 40% após as taxas” (Bloomberg, 2022).

Ilustração: “proibido” com o logotipo DJI fundido com a bandeira dos EUA gerada por IA


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