Opinião: Drones X Aeromodelos

Opinião: Drones X Aeromodelos

19/03/2019 0 Por Roberto P Junior

Quem viveu (e vive) nesses dois mundos do hobby, sabe que existe um certo preconceito, às vezes velado e outras vezes explícito em torno dessa polêmica.

Quem nunca voou com seu drone em um local onde sempre se reuniram aeromodelistas e percebeu o olhar de reprovação dos “donos” do local? É como se sentir como um pássaro (literalmente) estranho no ninho, afinal, o drone é um sucesso de vendas, já vem montado, enfim, pronto para voar, não precisa se preocupar com comandos para o manter no ar e ainda tira foto e vídeo! Não é fantástico? Mas… É isso mesmo?

Um aeromodelo “raiz” além de montar peça por peça, são necessárias as regulagens diversas das linkagens e dos servos, calibrar a eletrônica embarcada, achar a bateria correta, se for pesada, o avião não sobe e se for leve, não voa nem três minutos, e ainda tem de encontrar o centro de gravidade… Sem contar a parte do rádio, onde o trabalho de trimagem e mixagem perdem-se boas horas para um ajuste perfeito.

Como diria o ditado “todo mundo vê as pinga que bebo, mas não os tombo que levo… “, com o drone são passadas também longas horas para conseguir voar, e se for fora de áreas adequadas para aeromodelismo então, nem se fala.

Se o drone tiver mais de 250 gramas, tem que ter o logotipo da Anatel no rádio e na aeronave, caso contrário, precisa fazer a homologação nesse órgão regulador enviando os documentos solicitados e pagando uma taxa de R$200,00 para obter um certificado, este, que pode ter certeza, não é emitido no mesmo dia. No DECEA (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) devem ser cadastrados o piloto e a aeronave (previamente cadastrada na ANAC) para a cada voo obter uma “autorização” para utilizar o espaço aéreo, sabendo que nem todo lugar se pode voar. Em resumo, nessa parte documental, estima-se perder alguns dias para os cadastros obrigatórios.

Após tirar suportes e proteções da câmera, para tentar apenas ligar os motores de um drone DJI¹, precisa ser feita a ativação, que consiste na instalação de um aplicativo de voo no seu celular (DJI Go) e colocar os nossos dados, entre eles, e-mail e senha. Após “logar” no aplicativo (e ligar drone e rádio), é verificado se o drone, rádio e bateria possuem seus firmwares² atualizados, caso contrário, é feito download e execução das atualizações necessárias. Logo em seguida, serão necessárias calibrações de bússola, do GPS e da IMU³, ah, e a instalação das hélices.

Agora para voar é “só” verificar se a bateria está bem presa e 100% carregada, se as hélices estão firmes e fixadas corretamente, GPS ok, verificar se bússola e IMU estão OK, se a câmera está com as configurações para o local que irá voar, se o vento está compatível com o modelo da aeronave (sabendo que quanto mais alto voar, mais forte ele é) e claro, solicitar informação do voo no SARPAS para seguir as regras de utilização do espaço aéreo. Simples, não?

Conclusão: Hobby é isso: é paixão, não tem motivo ou lógica, é onde a pessoa praticante defende cegamente todos seus pontos positivos. E quem somos nós para chamar de maluco aquele sujeito que passou a noite tentando trimar a bailarina de um CopterX, ou estava refazendo a solda da ESC da Zag, ou editando um vídeo daquele FPV bacana? Como disse no título, trata-se apenas de uma modesta opinião que gostaria de dividir com vocês, porque particularmente amo tudo que voa, seja um aviãozinho de papel, um calmato ou um racer e acredito piamente que aeromodelos e drones podem muito bem ocupar o mesmo espaço, (com as devidas distâncias de segurança), o primeiro, com toda sua tradição e evolução passadas de pai para filho, o segundo, para captar imagens desses voos incríveis e de seus pilotos, lá do alto, nunca esquecendo o objetivo principal do hobby: juntar os amigos e famílias e se divertir!

Um abraço, #tamojunto e #boravoar

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(1) Mencionei drones fabricados pela DJI, porque detêm cerca de 75% do mercado de drones para consumidor, mas a maioria das outras marcas passam por processos semelhantes.
(2) Software interno que gerencia e parametriza funcionalidades do dispositivo.
(3) É a unidade que mede a inércia, e atua contra forças externas, como vento ou mudança de altitude para manter a estabilização do voo.